sábado, 6 de novembro de 2010

O primor da arte grega

  A cultura grega foi o ponto de partida para boa parte da cultura do mundo ocidental atual. As atribuições deixadas por eles estão presentes na arte, nas escolas de todos os níveis e até mesmo nas palavras, que usamos.
 Os historiadores costumam dividir a história grega em três períodos: o arcaico, que abrange os séculos XII a VII a.C., o clássico, os séculos VI e IV a.C. e o helênico, que vai desde a morte de Alexandre (323 a.C. até a instituição do Império Romano, 30 a.C.).
Arquitetura

  No período clássico, encontramos os três estilos de arquitetura grega: o dórico, o jônico e o corintio. São facilmente reconhecíveis pelo capitel e proporções da coluna.
 A Coluna dórica é mais antiga, bastante usada pelos arcaicos: Tem um capitel muito simples, verdadeira peça quadrangular sobre suporte circular e convexo, posta entre o fuste da coluna e a estrutura do teto.
  A coluna jônica distingui-se por duas graciosas volutas no capitel e a base que se compõe de dois toros, anéis de perfil convexo, separados por um elemento de perfil côncavo, denominado escóia. É mais elegante que a dórica, pois sua altura tem geralmente oito vezes o diâmetro da base e o fuste apresenta caneluras mais estreitas e profundas do que as dóricas. No capitel jônico, além das volutas, existem diversos pequenos elementos decorativos.
 A coluna coríntia tem no capitel folhas de acanto caprichosamente estilizada. Nos demais elementos, conserva as linhas gerais da jônica, adquirindo, porém, mais acentuado decorativo, que dá maior suntuosidade e luxo. Foi a coluna preferida na última fase de evolução da arte grega, a helenística, notabilizada justamente pelo monumentalismo e suntuosidade.
 A arquitetura grega é estática, isto é, baseada no princípio construtivo de peso e sustentação e dominada pelo horizontalismo. O maior exemplo da arquitetura grega é o templo. Este possuía uma planta retangular muito simples. Compunha-se de pronaos, espécie de vestíbulo ou entrada; da naos, a nave central e principal do recinto; da cela, situada na naos, onde se erguia a estátua da divindade; nos fundos, separado da naos por uma parede, o epistódomos, depósito para a guarda de ex-votos, relíquias e tesouros.
 Os templos são classificados pelo estilos das colunas. Assim, o templo dórico apresenta na parte superior de sua fachada, uma forma triangular, chamada frontão, resultante da inclinação do telhado, para melhor caimento das águas. Uma espécie de moldura que corre pelo frontão, denomina-se cornija, enquanto que a superfície interna do frontão, geralmente decorada de baixos-relevos, chama-se tímpano.
 O momento típico da arquitetura clássica grega é o Partenon, construído durante o governo de Péricles, na Acrópole, colina rochosa situada no centro de Atenas. Este templo dórico majestoso foi levantado para se comemorar a vitória dos gregos sobre os persas.
 O projeto arquitetônico coube a Ictinus e Callicrates, dois arquitetos jônicos da Ásia Menos, enquanto as decorações escultóricas foram em parte executadas por Fídias.
 Outros monumentos, igualmente representativos da arquitetura clássica, foram construídos no alto da Acrópole. São os Propileus, o templo de Atenea Niké e o Erecteion.
 A arquitetura, no período helênico, adquire caráter de suntuosidade e monumentalidade, inexistente no classicismo. Surgem escadarias, altares e pórticos majestosos.
 O altar de Zeus, famoso pelo seu friso esculturado é um grande monumento helenístico, ele se encontra hoje no Museu de Berlim. Outro monumento importante hoje desaparecido foi o Mouseion, de Alexandria, casa de saber ou universidade.

Escultura e Pintura

No período arcaico, podemos considerar como origens da plástica grega, os pequenos bronzes geométricos e as primeiras estatuetas de marfim e terracota denominadas “dedálicas” do século VIII a.C.
 Segundo Homero, o primeiro escultor, o inventor da estatuária foi Dédalo. Diz a tradução que ele foi o construtor em Cnossos de um local de dança e artífice do famoso labirinto para Minos de Creta.
 As primeiras estátuas, nesta fase, são de divindades ainda esquematizadas chamadas Xoanas, feiras de madeira e recobertas de metal. Surgem, pouco depois, as estátuas de Kouros, atletas nuas, e das Kores, jovens vestidas, ambas dotadas de maior realismo e verdade anatômica, com as quais, na realidade, se inaugura a estatuária grega. Estas estátuas, apesar da inexpressividade da face, apresentam um sorriso característico, leve franzir de lábios, que se convencionou chamar sorriso arcaico. Os tipos masculinos eram retratos idealizados de efebos vencedores das competições esportivas que possuíam caráter religioso. Desses Kouros e Kores sairá a estátua clássica.
 No período clássico, notadamente em Atenas, as obras apresentam um equilíbrio, organização e sensibilidade pelos problemas estruturais e delicadeza da modelação. Os Kouros têm olhos suaves, serenidade, conciliando o belo e o verdadeiro. O maior representante desta fase é Fídias, criador de tipos de beleza humana ideal, calma, quase abstrata. Entre as suas obras principais estão: as decorações do Partenon, a estátua de Zeus em Olímpia e uma cabeça de Artemisa.
 Policleto é o segundo escultor do classicismo. Ele estabeleceu a transição entre o arcaísmo rígido e o realismo do classicismo. Seu trabalho mais importante é o Doríforo, atleta que porta um lança.
 Miron é o terceiro grande escultor do século V. Sua obra principal, o Discóbulo, ou lançador de disco, rompe de modo absoluto e audacioso com a rigidez e frontalismo da escultura arcaica e introduz de forma revolucionária o movimento.
 No helenismo, a escultura adquire caráter realista, sobretudo nos retratos, e vivo sentimento dramático. Aparecem nas esculturas temas até então restritos à pintura como: nuvens, água, animais, paisagens. Também há sensualismo e erotismo. São comuns as representações de ninfas, nereidas, assim como de velhos, copos deformados e sobretudo crianças, além de tipos populares e éticos, reflexos de cosmopolitismo das grandes, ricas e movimentadas capitais helenísticas. Nos grupos escultóricos predomina a movimentação das formas em composição complicadas e teatrais, com pronunciado gosto da alegoria, que tende ao cenográfico e dramático.
 A escultura helenística pode ser representada por três obras: a Vitória de Samotrácia, o grupo do Laocoonte e a Vênus de Milo.
 As primeiras manifestações da pintura grega estão contidas nos vasos de cerâmica, como uma forte decoração linear ou de figuras geometrizadas. Não restaram obras originais da pintura grega nos períodos arcaico e clássico. Para estudá-la, então, é preciso buscar fontes indiretas, entre as quais estão, em primeiro lugar, as decorações dos vasos. A segunda fonte de informações  indiretos está nos afrescos e mosaicos romanos.
 O fato de maior importância, no entanto, entre a fase arcaica e o século V, no classicismo, é o progressivo desaparecimento da pintura mural. Aos poucos vai surgir a pintura de cavalete, que começa gradativamente a ser comercializada.  Os pintores abandonam os símbolos e temas mitológicos e passam a se preocupar com as alegorias literárias e de sentimento mais aristocrático. Também realizam certas conquistas ba representação ou imitação de regras da perspectiva e de volume, através do claro-escuro. Os maiores pintores do classicismo foram Zeuxis, cuja habilidade nas sombras do colorido fizeram dele o mais famoso entre os atenienses; e Apeles, entre as suas obras mais famosas destacam-se: Afrodite e Calúnia.    
 A pintura helenística é voltada para a natureza e a realidade ambiental. Dentre os pintores, destaca-se Timônacos de Bizâncio.

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