sábado, 6 de novembro de 2010

O legado cultural de Micenas

  A arte micênica, como a minoana, tinha peculiaridades inerentes à cultura mediterrânea, mais com características rudes e bárbaras, ao contrário da graciosa e alegre arte minoana. Floresceu relativamente em pequeno espaço de tempo (1400 a 1200 a.C), no final da supremacia cultual minoana e, como esta, aparentemente sem caracteres religiosos mas com elementos tirados do Oriente Próximo. Os seus artífices imitaram a técnica e a perícia dos minoanos no tratamento do metal e do barro, mais evidenciaram originalidade no campo arquitetônico. Desenvolveram o tipo de edifício monumental com abóbada, baseado em disposições diversas; pensaram nos meios defensivos e preocuparam-se com a eficácia de bons materiais.
  Apesar da tradicional lenda de que havia antigo e estreito intercâmbio entre o continente grego e a talassocracia ou reinado dos mares que então dominava o Mediterrâneo, a arquitetura de Micenas difere bastante da de Creta. Tirunto e Micenas, centros da confederação egeana e moradia de Agamenon, não eram cidades, mas fortes em montanhas. A necessidade de proteção e o uso da pedra levaram ao seu sistema de construção em abóbada com lajes superpostas, não baseada no arco de chave, mas no travejamento de sustentação lateral de um dos membros horizontais. Construíram com grandes blocos poligonais, cujas juntas eram preenchidas com argamassa de barro e pequenas pedras. Apresentavam tal grandeza que os gregos, ao verem, mais tarde, essas construções, julgaram que os construtores micênicos fossem os Ciclopes – raça de gigantes -, capazes de transportar tanto peso. Na arte micênica , como na minoana, há ausência de templos, mas foram extraordinários na importância dada aos túmulos de seus reis guerreiros. 
 As cidades de Micenas e Tirinto eram residências reais e sedes administrativas. As vastas fortificações de espessas muralhas com algumas passagens abobadadas findavam e eram guardadas em Micenas pela grande Porta das leoas. A de Tirinto está melhor preservada. Solidamente fortificada, com apenas uma entrada, foi toda feita em planos horizontais, com acesso por meio de longas rampas inclinadas.
  Havia dos tipos de túmulo: um em forma de poço, possivelmente o primitivo, e mais tarde outros escavados nos morros em declive e reforçados Poe abóbada de pedra. Esta segunda forma assemelhava-se à colméia (tholos, plural tholoi), quando em corte seccionado, independente da circunstância de a maior parte da construção ser subterrânea. O Tesouro de Atreu em Micenas é o melhor exemplo de tholos.
 Na escultura arquitetural o único autêntico exemplo monumental é a Porta das Leoas em Miceanas, mas inteiramente alheia ao estilo das pequenas esculturas, do mesmo tema, na arte minoana.
 A técnica do afresco era adotada nas decorações micênicas, como se pode ver na pintura, em Tirinto, da mulher carregando um escrínio de oferendas. Como na minoana, aqui prevalece o mesmo estilo de decoração naturalista, colorida e decorativa. 
  O requinte de uma corte guerreira bárbara é revelado na grande quantidade de objetos em ouro, prata, cobre e bronze, descobertos pelos modernos arqueólogos. Há muitas armas, como o punhal de bronze com incrustações de marfim, mostrando a movimentada caçada ao leão, gradualmente diminuindo para a ponta da arma; máscaras para heróis mortos moldadas a ouro com desenhos em espiga nas sobrancelhas; delicados serviços de mesa em ouro, inspirados na Taça Váfio minoana (encontrada na Lacônia, Grécia, mas de evidente manufatura minoana); jóias, geralmente com decorações geométricas e cenas de caçada e de guerra.

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