sábado, 6 de novembro de 2010

O legado cultural da civilização Minoana

  Libertada de restrições hieráticas que eram impostas pela classe dominante dos sacerdotes nas demais culturas orientais contemporâneas, a arte minoana apresenta, de preferência, temas da vida civil. A ausência de templos, túmulos e o sombrio presságio do culto à morte lhe conferem, de maneira geral, certo saber alegre e artificial. A deusa-serpente criselefantina (de marfim e ouro), simbolizando a fertilidade ou a mãe-terra, tem posses semelhantes às dos domadores de serpente em exibições nos circos. Apesar de a sobrevivência dos mitos sugerir uma profunda disposição para sacrifícios de sangue e terror, não há evidência dessa peculiaridade minoana nas artes visuais.
  Surge, na arte dessa região, marcada preferência para temas decorativos com motivos marinhos e florais, peculiares a Creta, como se vê no Vaso deo Polvo. Outro exemplo naturalista está presente no tratamento da paisagem no Mural do Grifo, que decora a sala do trono em Cnossos.
 A identificação dos povoados da ilha de Creta é tão imprecisa como a razão de seu brusco e misterioso desaparecimento pouco antes de 1200 a.C. O mito da bela Europa, mãe de Minos, o tradicional fundador da ilha, levada da Grécia para Creta nas costas de um touro (mistificação de Zeus), indica uma possível origem européia.
A arte minoana demonstra marcada influência da sociedade da classe média, com nenhuma predominância da nobreza ou classe sacerdotal. O individualismo e a liberdade do estilo indicam preferência por temas sociais sem qualquer limitação ou restrição por parte de tradições hieráticas. Os soberanos de Cnossos devem ter tido certo supremacia feudal sobre os demais senhores marítimos de Creta, os quais, possivelmente, não passavam de prósperos mercadores. 
O brusco desaparecimento desta civilização faz supor a ocorrência de grande catástrofe, ou talvez pilhagem de tribos invasoras enquanto dormiam os confiantes minoanos, seguros de sua supremacia marítima.
 A arquitetura minoana empregava uma grande variedade de material, a arquitetura minoana é bastante flexível nas suas formas. O principio de construção era baseado no sistema de travejamento.
O tempo era inexistente, apesar de as salas à volta do pátio central do palácio de Cnossos conterem o símbolo do labrys (machado de duas cabeças), de possível significado religioso, e a sala do trono ter reservatório para banhos lustrais. 
  A arte minoana não adota a escala monumental nem apresenta grandiosidades simbólicas por não se destinar ao culto de deuses, nem testemunhar idéias de uso doméstico atendiam a outras razões artísticas. A vivacidade e a frescura da pintura em paredes eram também reproduzidas na decoração de vasos e na escultura dos confeccionados em pedra.
 A decoração mural não se associava a escultura como no Egito. Sua fatura era a mesma técnica do afresco, isso é, pintura direta sobre reboco fresco, um exemplo é o afresco dos Domadores de Touros do palácio de Cnossos. 
   Não havendo templos para decorar, a escultura arquitetural e as estátuas monumentais passavam a ser dispensáveis. Os materiais com os quais se fizeram estatuetas – bronze, marfim, ouro, cobre, prata, terracota e as criselefantinas – reclamavam mestria apropriada a trabalhos do gênero.
  A cerâmica de Cretra era executada com requinte, pois a argila tanto servia para fabrico da fina loca como para os recipientes rústicos e fortes dos gigantescos vasos de estocagem – os pitos – do palácio de Cnossos. Grande variedade de decoração era regra, nos trabalhos de argila: usavam o vitrificado tanto fosco como brilhante, o acabamento mate, as superfícies decoradas com incisos, desenhos pretos sobre o branco ou branco sobre preto, formas naturalistas, símbolos convencionais e traçados geométricos ou curvos.

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